Sérgio, M. (1994). Motricidade Humana: Contribuições para um Paradigma Emergente. Lisboa: Instituto Piaget. Colecção Epistemologia E Sociedade.
Reflexão, fazendo o Paralelismo para a Psicologia da Educação
“Motricidade Humana – um paradigma emergente? Com toda a certeza! E, como tal, um novo espaço de reflexão! Não se considera pomposamente a Verdade, mas um caminho alcantilado que a persegue.”
“Daí a Faculdade de Motricidade Humana!”
(Sérgio, M., 1994)
O Homem não age apenas tendo em conta o meio que o envolve mas tendo em conta o futuro, tal como o pode conceber.
(Spire, 1999 adaptado por Gaiteiro, B., 2006)
O termo Educação Física, é algo que nos remete para um conjunto de funcionalidades e artefactos, que não se coadunam com a sociedade contemporânea. Esta leitura poderá falsear aquilo que é a prática docente actualmente, não se trata de educar através do físico, nem educar o físico, trata-se sim de promover uma cultura de movimento (Crum, Bart J., 1993). O desenvolvimento integral, a pessoalidade, a vertente axiológica são tudo aspectos em causa. Apela-se ao aparecimento de uma Educação Desportiva aliada à Motricidade, no sentido de assumir claramente a responsabilidade de através do acto de ensino construir e formar um modelo de Homem, que se quer funcional nos mais variados níveis.
A Educação Física é encarada, pelo Professor Manuel Sérgio, como algo holístico, preenchendo as necessidades formativas do indivíduo. O acto educativo é visado com um fenómeno fractal, que nos remete para a concepção enunciada. O professor deve articular estas referências no acto didáctico, não se ficando pela teoria, esta deve estar plasmada na praxis subjacente. O docente deve ser um promotor de um Homem viável, sendo concomitantemente um veiculador de referenciais sociais, culturais, éticos e filosóficos.
O futuro professor deve extrair ensinamentos, deste paradigma emergente, para a sua prática futura, estas irão ditá-la.
Neste livro são abordados os vários factores distintivos, inerentes ao conceito de Educação Física e de Motricidade, tendo sido escalpelizado cada um destes de forma criteriosa. A Educação Física remete-nos para uma dimensão meramente física, enquanto a Motricidade para uma abordagem holística, tendo como epicentro a dimensão física, mas é muito mais do que esta, é sim uma articulação simbiótica de processos. O papel do professor de Educação Física e Desporto, não se reduz só à praxis física, ao saber ensinar e à reprodução social. Esta conduta apresenta-se como aplicável ao vazio, ao hermeticamente fechado, ao descontextualizado do que a sociedade e a Educação.
O acto educativo deve ser um gesto fractal, que acarrete um conjunto de outras dimensões que não somente as visíveis, as palpáveis, compromete-se a cumprir e promover múltiplas dimensões dais quais fazem parte o viver, o estar, o realizar. O saber viver e o saber ser, estão bem evidentes, o Desporto tem um papel primordial nesta veiculação.