27/09/2010
Hora: 11:30
Síntese da Aula/ Síntese reflexiva:
Nesta aula como tarefa inicial foi-nos pedido, formando grupos de três, que encontrasse-mos uma definição para a expressão “ter saúde”, tendo como base ideias comuns, neste sentido um conceito que aparentemente parece simples de definir, pelo menos para o senso comum, relevou algumas ambiguidades que dificultam criar uma definição clara, certa e mais do que tudo, absoluta. A definição encontrada pelo nosso grupo foi a seguinte: “Ter saúde passa pela homeostasia funcional do indivíduo, tendo por base factores de cariz intrínseco e extrínseco associados ao bem-estar físico e psicológico.
Posteriormente a este momento, o enfoque foi colocado durante alguns momentos no papel do professor na promoção de hábitos saudáveis nos jovens, e como este papel pode ser desempenhado, ou seja, o que professor pode efectivamente fazer, intervir a nível macro em contexto escolar pode ser uma forma de intervenção, assim como, o teatro-debate por exemplo. Não basta argumentar com uma retórica afastada e longínqua, repetitiva e de certa forma “cliché”, deve-se sim intervir de forma próxima e intrínseca (prática, activa, dinâmica, não basta somente criar receptáculos de informação), concomitantemente criando percepções que impliquem motivações intrínsecas e extrínsecas, por esta ordem. Neste contexto, torna-se fundamental a seguinte ideia: “Ouvir é esquecer… ver é recordar…fazer é compreender” (Confúcio)
Após esta fase, abordamos várias definições e foi-nos pedido para erguer a mão se concordasse-mos ou não com as mesmas, a primeira foi a seguinte: “Saúde é como uma semente que nasce connosco que temos de saber regar e cuidar” (Cardoso Ferreira). Esta semente parece relacionar-se com um potencial que o indivíduo patenteia, que irá desenvolver-se favoravelmente ou não, dependendo da dinâmica imprimida ao processo pelo indivíduo, e das suas vivências (inerentes a este processo). Outra definição que surgiu foi a seguinte: “Ter saúde é cada pessoa ter a capacidade de criar o seu projecto de vida”, parece, neste caso, associar-se o conceito a forma de estruturar (criar) um projecto que contudo, não pode ser alheado dos outros, passa de certa forma por uma visão pessoal, desintegrada da pluralidade e das especificidades contextuais que estão patentes. Noutra nota, inferiu-se também sobre a ideia retrógrada de que saúde é um dom nas mãos do destino, um dom nas mãos dos “donos de saúde” será? Não poderemos nós não prolongando os anos de vida que poderemos vir a ter, dar qualidade a esses mesmos (por exemplo: imprimir formas saudáveis de lidar com a doença, ou seja, auto-percepção de doença, é sem duvida um aspecto importante), esse é um poder e uma autonomia que não podemos, nem devemos delegar.
Foi possível absorver e reter que o conceito de saúde não é estático, é sim dinâmico. Outra questão que se levanta, é se ter saúde é uma meta inatingível? Será saúde somente a ausência de doença como em momentos foi definida? Será o fundamentalismo o caminho para a saúde?
O conceito apresenta alguma ambiguidade, entendendo-se que não surgem definições mas sim entendimentos. Contudo, a Organização Mundial de Saúde já encontrou uma definição consensual (minimamente) para este conceito.
Comportamentos saudáveis em doses exageradas podem tornar-se uma doença (vigorexia), nesta nota os fundamentalismos são perigosos.
Será saúde, uma semente que tem sido confundida com um chapéu, que resolve todos os problemas. Um exemplo prático desta ideia conceptual é o seguinte: o HIV que antes era uma doença fatal, actualmente é uma doença crónica, portanto a ciência pode atenuar e tornar viável a vivencia com este problema, esta conjuntura não pode ser desresponsabilizadora. Deve-se sim, através do potencial (semente) estabelecer um fio condutor de homeostasia funcional.
Christophe Dejours (1993) remete-nos na ideia conceptual de saúde para a capacidade intervenção do próprio. Neste contexto surge a orientação salutogénica que estabelece um paralelismo, de facto extraordinário, esta diz-nos que estamos num “rio” e que na perspectiva patogénica aproximamo-nos da sua parte perigosa, na salutogénica enfatiza-se e compara-se à “capacidade de nadar”, o “saber nadar”.
Antonovsky aborda esta questão noutros moldes, refere que mobilizar competências face a determinada realidade não é suficiente, deve-se ter em conta questões genéticas, culturais, de educação, os processos de intervenção estão susceptíveis a mudança e à transmutação.
Olhando um pouco para trás podemos mencionar o Relatório “New perspective on the health of Canadians” (Lalonde, 1974), onde já se menciona um incremento nas “doenças do comportamento humano”, onde a taxa de mortalidade actualmente incide maioritariamente. Esta conjuntura pressupõe transformar o ser humana, colmatando estas lacunas, sendo este processo demoroso e altamente complexo. Estas questões devem ser trabalhadas a partir dos “-9 meses” de idade, preparando os três primeiros anos de vida (cruciais).
Em suma, é importante como docente em vez de unicamente transmitir, é sim preponderante provocar momentos de partilha, ter em conta regras mas concomitantemente afectos, de forma equilibrada. Criar laços, rejeitando a impessoalidade na relação com os discentes.