Escola Inclusiva
06/12/2010
Prelecção do Professor André Barreiros – Escola Inclusiva
Não é que seja assim tão esperto, permaneço, é com os problemas mais tempo
Albert Einstein
A prelecção do Professor André Barreira centrou-se maioritariamente na franja de alunos acima da média, ditos sobredotados. Tendo-se abordado também a franja de educandos abaixo da média.
Etapas da evolução do conceito de sobredotação/talento
- Crianças com QI acima da média
- Talento abaixo da sobredotação
- Fusão conceptual: talento + sobredotação
- Década de 90: algo inato + trabalho/exercitação
Contudo não há uma definição consensual. Gagné (1993) apresenta um modelo diferenciador de sobredotação e talento, no sentido de obter um maior grau de consensualidade. Deste podemos concluir:
- Talento expressão da sobredotação numa dada área
- Predisposição por si só não é determinante, é necessário mais do que isso
Neste sentido surgiu como pertinente, fazendo o devido paralelismo, este excerto de um documento, da autoria da Professora Marisa Gomes:
Construir a Criatividade mais do que a estimular
“A capacidade de improvisar, de gerar novas formas de pensar, de agir e de ultrapassar os adversários (individual ou interactivamente) é algo que nos emociona. É o que nos liga ao jogo, na sua expectativa, na superação, na envolvência e emotividade que nos faz sentir dentro do próprio jogo. No entanto, esta emocionalidade está reduzida no futebol actual. Os motivos são vários, mas o fundamental é fácil e evidente: pobreza na criatividade das equipas e jogadores. Justificam-se com a ordem «táctica» e com os comportamentos defensivos, mas não é verdade. A falta de criatividade, da genialidade é a causa fundamental dessa pobreza. O importante agora é perceber porque existe falta dessa criatividade. Simples: a formação, a educação e cultura que estamos a desenvolver.
Apesar de ser um aspecto amplo e aparentemente difuso, é um dado concreto e com uma origem objectiva cujos culpados somos todos nós, adultos. Sem excepção. Reconhecemos e valorizamos cultural e socialmente os indivíduos que criam, geram e motivam novos conceitos, novas perspectivas e uma maior variabilidade naquilo que já existe. O que acontece na arquitectura, na arte, nos escritores, nos estilistas, nos treinadores e nos jogadores. No entanto, nada fazemos para estimular e desenvolver esta apetência. As regras, as normas e rotinas surgem cada vez mais cedo e em todas as dimensões de uma criança. Tornam-se numa constante. E por isso acho que devemos enaltecer e reconhecer cada vez mais os que apesar disso não perdem a sua originalidade e criatividade. A nossa educação comete um erro na sua concepção: estreita formas e caminhos quando deve fornecer temas para que os trilhos possam ser desenvolvidos, diversificados e geradores de uma formação individual. O que não acontece: vestem-se cada vez mais iguais (sem falar dos uniformes), as casas são cada vez mais semelhantes, as rotinas são partilhadas e vividas desde o berçário, o trabalho e programas escolares são cada vez mais gerais e automáticos. Então, se não se gera a criatividade como pode ela aparecer? Valorizamos os meninos bem comportados, com comportamentos e rotinas que orgulham os pais, os trabalhadores, os que cumprem as expectativas e que facilmente são controlados pelos pais, professores, auxiliares, treinadores e jornalistas. No entanto, adoramos as coisas novas, aquelas que vão para além daquilo que esperamos. Mas o que fazemos para que isso aconteça? Damos espaço para que as crianças interajam com outras crianças sem a supervisão dos adultos, permitimos que brinquem, que joguem à bola em casa, na escola ou jardins? Controlamos os espaços, o tempo e uniformizamos o que fazem. Na escola, em casa, no treino, no futebol e no jogo.
A formação de um jogador criativo não é algo divino. Depende das suas capacidades, características, mas sobretudo daquilo que adquire ao longo dos anos de formação. O potencial criativo pode ser e deve ser estimulado e desenvolvido. A ausência deste aspecto tem sido determinante como facilmente reconhecemos na pobreza criativa que existe num jogo e na hipervalorização que jogadores com essa capacidade têm no mercado actual. Mas convenhamos, como surgem esses jogadores? Espontaneamente? Não me parece… Senão a intervenção divina seria mais ampla e não haveria uma diminuição nestes últimos tempo. A não ser que seja também a crise…
(Fonte: https://www.zerozero.pt/coluna.php?id=236)
Fazendo a analogia, a predisposição por si só não é determinante, é necessário mais do que isso… A praxis, o ambiente e a envolvência são fulcrais. Estas duas não são mensuráveis quanto à sua importância.
Posto isto, a Escola evitar centrar-se no aluno médio e apelar à particularidade numa óptica colectiva.
Trata-se de 3 a 10%, aproximadamente, da população escolar
No que à sobredotação diz respeito, o Professor deve evitar colocar demasiada pressão no educando ou não apoiar o mesmo. Torna-se premente uma detecção precoce destes alunos, criando com esta metodologia mais eficazmente situações que propiciem aprendizagens produtivas e com significado.
Com este tipo de discentes deve-se:
- Evitar o apelo à evocação directa de conhecimentos armazenados na memória
- Incorporar as seguintes dimensões: aceleração; enriquecimento; sofisticação; novidade.
O professor deve:
- Detectar e encaminhar o educando
- Ter em atenção as famílias e a estrutura que suporta a criança
- Evitar distúrbios comportamentais por falta de ajustamento
- Individualizar o percurso – Postura Equitativa
- Se possível, dar tarefas de responsabilidade ao aluno, tornando-o por exemplo seu “adjunto”
- Promover a autonomia e a educação inter-pares
- Proporcionando uma emancipação ajustada
Tendo presente contudo que a situação e o contexto são o cerne da actuação.
Em suma:
“Ser professor é ter que pensar no que os seus alunos poderão aproveitar das suas aulas uma meia dúzia de anos mais tarde”
(Frase retirada dos apontamentos das aulas do Professor Vítor Frade)
Característica do Professor, Basal na sua Actividade Profissional:
Bom Pedagogo
" O professor pensa ensinar o que sabe, o que recolheu nos livros e da vida, mas o aluno aprende do professor não necessariamente o que o outro quer ensinar, mas aquilo que quer aprender."
Affonso Romano de Sant’Anna
"Não se pode falar de educação sem amor".
Paulo Freire
- Conceito de Pedagogia, Pedagogo e Ramificações Inerentes
A pedagogia, de um ponto de vista antropológico, assenta no propósito de que o Homem é uma essência discente durante toda a vida, ou seja, está em constante aprendizagem, estabelece também que a sociedade tem de organizar as experiências de aprendizagem num sentido próprio e que a escola tem de responder de forma intencional e cabal às necessidades de formação. O pedagogo compreende esta articulação e é um elemento dinamizador desta.
Neste sentido, inserem-se vários factores como o papel da escola, a afirmação, a intervenção e reflexão, as limitações, as características dos alunos e a complexidade subjacente.
- Importância do Professor Pedagogo
A pedagogia tem como algo implícito a percepção da complexidade e as possibilidades do fenómeno educativo, permitindo compreender o papel da escola e do docente na sociedade contemporânea.
O acto educativo é um acto iminentemente de caracter pedagógico
Ser pedagogo trata-se optimizar e potenciar o acto educativo como tal
A prática docente demanda esta característica
O fenómeno educativo pressupõe professores possuidores de um leque de competências e habilidades que permitam encontrar as soluções necessárias ao processo ensino-aprendizagem, bem como professores que acreditam na necessidade de estar sempre actualizando em função do que a sociedade é num dado momento, assim como, o que as micro sociedades são – escola, turma.
- Relevância Prática desta Característica
Mas qual a importância do professor pedagogo, e de que forma esta apetência potencia o docente?
O que é ser um bom pedagogo, estando a prática docente inerente?
Respondendo a estas duas questões, trata-se de:
- Intervir no momento certo, fortalecendo a sua posição enquanto Educador simultaneamente reenquadrando se necessário o Educando na linha educativa que o norteia.
Ou seja:
- Ter sensibilidade para as motivações, traços de personalidade e características do discente, no sentido de promover o desenvolvimento integral do mesmo
- Não se trata de restringir, de excluir e de segmentar, trata-se sim de unificar, chegar a todos e entender todos numa óptica colectiva.
História Exemplificadora
Era uma vez...
Menino chamado João, com 8 anos de idade, que vinha pela primeira vez aos treinos, chegou ao treino sorridente de bola no braço e saco. O treinador olhou para ele com satisfação, entretanto começou o treino, estando muitos atletas pois era um dia destinado à prestação de provas...
No final do treino, o treinador lembrou-se dele pois não tinha reparado nele durante o treino... Após alguns momentos vê o João cabisbaixo e sem a bola no braço, dirigindo-se para a porta de saída... Pergunta-lhe: João que se passa?
Este diz-lhe professor não marquei um único cesto. O professor olhando para ele faz o seguinte:
Pega no João ao colo e em cima de uma cadeira, diz-lhe João lança ao cesto, e o João lança e marca variadas vezes. Saindo alegremente do treino, outra vez com a bola no braço.
O João no dia seguinte estava lá no treino, alegre e contente.
Grande Acção de Pedagogia
O acto pedagogo, neste contexto particular, trata-se de influenciar e criar predisposições
Promovendo a prática contínua de desporto e o desenvolvimento integral
Independentemente da qualidade em termos desportivos puros evidenciada
Formam-se atletas mas também Homens com estilos de vida e práticas de salutar
Em suma, pretende-se um docente capaz de ser:
- Sincero
- Persistente
- Amigo
- Solidário
- Atencioso
- Humilde
- Sincero
- Dinâmico
Ou seja, um profissional completo
- Competências a Adquirir para Trabalhar esta Característica
O professor para trabalhar esta apetência deve reflectir acerca dos modelos atitudinais complacentes com um dado contexto, uma dada realidade.
É determinante promover a prática reflexiva
Sabendo que,
Não há receitas
Estas competências estão intrinsecamente ligadas aos traços de personalidade que o docente deve preconizar e ao seguinte binómio decisivo: aceita, ou seja, a arte de “colocar o dedo na ferida’, sem se esquivar às problemáticas complexas; e Integra, este aspecto consiste no abandono das antigas práticas provocando uma ruptura com estas, no sentido de alargar o espectro de sensibilidade pedagógica.
Tarefa Prática
Professor que mais me marcou: Professora de Educação Física do 1º Ciclo
Característica deste: Sincera e Compreensiva
Sem dúvida ficou na minha memória
Porquê?
Penso que se deveu ao facto de uma forma de estar marca mais do que uma forma de impor valores, práticas e comportamentos
A descoberta guiada que o docente veicula é essencial na minha óptica
Reproduzir é meio caminho para esquecer
Educação é formar para sempre